segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Pucón

Olá pessoal,

Depois de uma viagem de 9 horas desde Santiago do Chile, chegámos domigo de manha a Pucón, uma estância de férias para os chilenos de classes mais altas, mas efectivamente muito bela. A paisagem é marcada pela presença do vulcao Vilaricca, junto ao lago com o mesmo nome.

Mas Pucón parece tudo menos a América Latina, pelo menos como a imaginamos... antes uma daquelas estâncias de férias nos EUA ou no Canadá que aparecem nos filmes...
O primeiro dia ficou marcado por um rafting na parte mais rápida do rio espectacular... eu era estreante, o André já tinha no seu curriculum o fantástico Zambezi... digamos que o Chino (o nosso instrutor) conseguiu-nos por todos (eramos 4) a remar para o mesmo e no final, apesar de algumas truques sujos, nao nos conseguiu levar à água...
O grande objectivo em Pucón era realizar um trekking que nos levava à cratera do vulcao. Infelizmente o tempo pregou-nos uma partida (quando o vulcao tem aquele chapelinho é sinal de mau tempo)... as condiçoes meteriológicas nao permitiram a subida (Picos, temos que ir da próxima vez...).


No primeiro dia tinha sido possível, mas era ipossível porque chegamos às 9h e as saídas para o trekking sao às 7h30m. No segundo dia tivemos a subida marcada, acordámos para ir as foi desmarcada... ainda adiamos para o dia seguinte (ficando mais um dia em Pucón do que estava previsto), mas com as núvens que haviam na noite anterior, optámos por desistir e viajar para sul... a chuva na manha seguite deu-nos razao...

Acabamos por efectuar um passeio de cavalo nesse segundo dia, em substituiçao à subida ao vulcao, que foi principalmente engraçado pelo local onde nos levou (sem contar com a parte final do passeio a cavalo... para lá durante todo o caminho e no regresso da montanha eu ia sempre no fim a apanhar pó, mas no final do regresso, quando o terreno era mais plano, puxei pelo bicho e consegui 3 ou 4 galopadas... madre de dios... nem queria acreditar que o animal consegui atingir aquelas velocidades... e agarrar bem nas curvas... foi um bocado louco mas é uma sensacao incrível...)... bem mas estava a falar do local onde nos levou, depois de uma descida longa e íngreme (enquanto desciamos só nos vinha à ideia que teriamos de voltar a subir), chegamos a um pequeno lago que tinha uma cascata com cerca de 84 metros... muito bonito!

Nesse passeio fomos acompanhados por um jovem casal de estudantes chilenos (de Santiago), com quem começamos a falar depois de me ter oferecido para tirar uma foto com a minha máquina e enviar-lhes por e-mail (vi que os dois estavam a cochichar junto à cascata, ofereci-me para tirar uma foto aos dois mas a bateria da máquina deles tinha acabado)... às tantas, perguntaram-nos o que já tinhamos comido típico do Chile... nada!... vingámo-nos nessa noite.. fomos a um restaurante impecável, cujo dono deveria ter mais ou menos a nossa idade, e que nos sugeriu as iguarias chilenas (vinho incluída) de uma forma fantástica... foi claramente o melhor jantar da viagem pelo serviço a experiência cultural... se forem a Pucón nao falhem o Madre Tierra...

Depois disso fomos ao bar mais concorrido da terra para beber um mojito (no dia seguinte tinhamos de apanhar um autocarro às 6h30m...) e fumar os habanos que o André trouxe para a viagem (vícios da viagem a Cuba...)... mojito puxa mojito... acabamos a sair do bar, apanhar um taxi com um tipo que nao conheciamos, que também estava a sair o bar e que ia para a discoteca da moda (o Apache)... foi meia-hora de dança num local muito porreiro... infelizmente estava a fechar... mas foi muito divertido... o pior foi só dormir uma hora e acordar às 5h30m, com as malas por fazer... foi um autêntico contra-relógio... já dentro do autocarro, olhamos um para o outro... valeu a pena...

O dia de terça-feira foi passado e viagem... 5 horas de autocarro até Puerto Montt, onde apanhamos um aviao para Punta Arenas, a cidade mais a sul do Chile. Em Punta Arenas apanhamos um autocarro que em 3 horas nos levou até Puerto Natalles, um pouco mais a norte, que é a cidade base do Parque Nacional Torres del Paine... já estavamos em plena Patagónia Chilena...

Um grande abraço para todos


PS1: Neste momentos estamos em El Calafate, na Patagónia Argentina, onde pudemos visitar o Parque Nacional dos Glaciares, nomeadaente o Glaciar Perito Moreno que é realmente impressionante. Espera-nos agora uma viagem de aproximadamente 20 horas de autocarro para chegar a Ushuaia, na Terra do Fogo. Até lá temos de entrar novamente no Chile e regressar à Argentina.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Santiago do Chile

Olá pessoal,

Depois de atravessar a fronteira entre a Argentina e o Chile numa carrinha toda manhoso (mal dava para dormir...) com um tipo tudo menos simpático, eis que estamos do outro lado dos Andes...

Chegámos no dia 30 de Janeiro (sexta-feira) a Santiago do Chile às 4 da manha, o que nao é muito recomendável para quem nao tem hotel para ficar... depois de algumas voltas pela cidade, o primeiro hotel estava cheio, mas o taxista (o mais simpático e prestável que apanhamos até agora...) acabou por nos trazer para um hostal que ele conhecia... a partir daqui foi tudo surreal... depois de ter tocado na campanhia, como o dono nao acordava, o taxista pediu à rádio-taxi para ligar por telefone para o hostal... nós cá fora a ouvir o telefone a tocar e felizmente o dono também... eram 5 da manha... o tipo era uma figura... muito afável, mandou-nos entrar... eu sentia nele alguma intranquilidade... até que diz "temos um problemazinho, mas nao é problema nenhum... está tudo bem!... mau, há ou nao há probelma...

Conclusao: ele tinha um quarto, que nao estava arrumado... pelo que percebemos, era dos filhos mas estavam a dormir noutra casa... ele só dizia... "manhaña impecábele!" (isto é supostamente castelhano)...

Nós olhamos um para o outro, rimo-nos e pensamos... que se lixe, é já aqui... assim como assim, nao temos para onde ir, estamos mortos de sono e temos uma garantia que amanha vai estar impecável...

Eis o início da nossa história em Santiago do Chile no Hostal Corazon de Leon (no outro dia, o quarto estava efectivamente arrumado - imaginem a frase com que nos recebeu -, mas continuava um bocado manhoso, os dejaíunos eram fraquinhos, mas tinhamos acordado o tipo às 5 da manha, havia que ter alguma consideracao, ficamos lá...).

Santiago também é uma cidade enorme, nao ao nível de Buenos Aires, mas muito grande... eis algumas imagens da nossa passagem:

No cerro Santa Lucia, que fica a uma altura de 70 m acima do nível da cidade, junto ao centro


O Palácio de la Moneda, que antigamente produzia a "plata" do Chile e é actualmente a residência oficial do Presidente e do Governo Chileno

A Catedral de Santiago do Chile, em plena Plaza de Armas, a principal praca da cidade
Outra vista da Plaza de Armas, que junta edíficos antigos e modernos (aliás, uma das imagens de Santiago é reflexo da Catredal no edífico espelhado ao fundo... também tentamos tirar essa foto...)

Do cerro de San Cristobal, que fica a cerca de 300 m de altura face à cidade (nao, esta nao subimos a pé... foi mesmo de funicular...), onde é possivel ver ao fundo os Andes (Santiago fica situada mais ou menos a meio do Chile, entre os Andes e o Pacífico)...

Mas o que efectivamente marcou a passagem por Santiago foi a noite que passamos... no Bairro de Bellavista existem duas ruas que estao apinhadas de bares e restaurantes, com ambientes para todos os gostos...

Fomos jantar ao "Como água para chocolate" e superou claramente o de Buenos Aires. As margaritas a abrir seguidas de um belo "Casalero Del Diablo" (a nossa estreio nos vinhos chilenos que sao de facto óptimos) digamos que nos libertaram... pelo que foi uma noite para recordar momentos passados e rir muito com todas as histórias... o refeicao propriamente dita também estava boa, mas às tantas a nossa capacidade gostativa já estava um bocado degradada (esta palavra é muito forte mas nao me recordo de outra... que fique registado...).

A seguir atacamos os bares... o primeiro "Dos gardenas para ti" (exactamente, como a música de Compay Segundo) e naturalmente entramos na onda dos mojitos... com o calorzinho da noite chilena (esteve muito calor durante todo o dia... é desse calor obviamente estou a falar...) parecia que estavamos em Cuba... o bar tinha música ao vivo e o ambiente era muito descontraído... os chilenos sao alegres e gostam de viver a noite (pelo menos aqueles com que nos cruzamos nessa noite). A noite continuou por mais dois bares, um com DJ e outro com música ao vivo, onde numa das músicas deste último falaram no nome do Pinochet - devia ser qualquer coisa do género "já nos livramos do Pinochet" - e o bar entrou em delírio, com todos aos saltos (apesar de nunca ter abordado este assunto com nenhum chileno, nao sei bem porque....). Como diz a regra, uma mantive os mojitos, o André aventurou-se mais um pouco, mas acabámos bem, no nosso "fantástico" hostal de Santiago... Corazon de Leon...

Para finalizar, uma fotografia artística da cidade de Santiago do Chile, uma cidade que tem a sua magia...


Abracos chilenos...
PS1: Ficamos 2 dias em Santiago, sexta e sábado, depois foi toda a noite a viajar (e dormir) para Pucón, onde chegámos no domingo de manha, dia 1 de Fevereiro... Pucón, foi uma terra de contraste... (mais um teaser...).
PS2: Neste momento estamos em Puerto Natales (Chile)... já exploramos o Parque Natural Torres del Paine e amanha regressamos à Argentina, para conhecer o famoso Perito Moreno... estamos em plena Pantagónia...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Aconcágua

Boas,



Finalmente chegou o momento de contar as aventuras no Aconcágua!...

Uma coisa posso desde já adiantar... a beleza daquele santuário natural é incrível, mas o grau de dificuldade é muito elevado para quem nao tem experiencia de altitude, como é o nosso caso.

Antes de mais a preparacao: viajámos na noite de terca-feira de Buenos Aires para Mendonza, uma cidade a cerca de 100 Km do Aconcágua, mas onde se deve preparar toda a expedicao, nomeadamente as autorizacoes para entrar no Parque Natural.

Chegamos a Mendonza às primeiras horas da manha. Até ao início da tarde conseguimos tratar de tudo e optamos por dormir em Penitentes, uma estancia de ski que fica a 15 km da entrada do parque e a 2.700 m, para comecar as habituar o nosso corpo à altitude.

No outro dia de manha fizemo-nos ao caminho pelas 11h00, quando tinhamos o primeiro transporte que nos colocava na entrada do parque. Eis o início da subida, com a montanha ao fundo... reinava o optimismo...


Já durante a subida para Confluência, o sol estava muito forte e a inclinacao depois da primeira fase mais clama era muito acentuda... basta dizer que fizemos a subida entre as 11h00 e as 15h00 e mais qualquer coisa... estavamos à espera de frio face à altitude, nao de calor...

Para ter uma nocao, por detrás daquele monte mais verde na esquerda que podem ver na próxima foto fica o campo base de Confluência, a cerca de 3.400 m... nesta altura, já tinhamos subido muito... o início é a cerca de 2.900 m.

Eis parte do acampamento de Confluência, nomeadamente a tenda maior onde deveriamos pernoitar... optámos por alugar um servico que disponibiliza local para dormir e comida durante a nossa estadia no campo, para nao termos de carregar tanto material... decisao extremamente ajuizada... o responsável pelas tendas, o Sr. Carlos Acuna, era um tipo espectacular... e cada vez que dizia uma frase utilizava a expressao "che" (primeiro argentino que me dei conta!)...

O André sentiu alguns problemas na subida e eu, depois de ter chegado a Confluência e ter comido qualquer coisa, também nao me senti muito bem... fomos os dois ao médico (gratuito) no campo (de referir que todos, desde guardas do parte aos médicos, sao impecáveis) e eu tomei uma droga qualquer e melhorei mas ao André foi dito que teria de descer porque nao se estava a adaptar bem à altitude... Ainda estivemos a discutir se eu também desceria com ele, mas ele deu-me forca para ficar e tentar ir a Plazia de Francia (tamanha era a minha vontade...) e mais tarde viemo-nos a aperceber que eu nao poderia voltar com ele porque nao havia lujar disponível no helicopetro (aliás, aquilo ear um luxo porque cada viagem sao cerca de 600 USD... o Carlos Acuna ficou a invegá-lo... :) )...
Depois disso foi uma noite um bocado solitária em Confluência (mas Paiva tens razao, o céu estrelado é incrível...) e de manha acordei com dores de cabeca e pensei... míudo, vais mas é descer, que é o melhor... mas quando o Carlos Acuna se cruzou comigo e disse: "Entao, vais a Francia...". Nesse momento tomei a decisao de ir fazer o trekking até me sentir bem e depois desciria...
Foi brutal... a paisagem é incrivel e com o tempo mais fresco, a caminhada bem mais fácil... por outro lado, sente-se muito mais a altitude (Francia fica a 4.300 m)...

Eis a foto no momento em que o vento e frio apertavam mais e depois de muito subir...

Isto foi o máximo que consegui aproximar-me do Aconcágua (num trekking de 5 horas, fiquei a 1h20m de Plaza de Francia), a uma altitude de 3.935 m ou 3.965 m. Sei porque quando já estava muito cansado e tinha decido voltar para trás, cruzei-me com o médico e perguntei-lhe a altitude e quanto faltava para o miradouro que fica a 1 hora de Plaza de Francia (as duas altitudes que referi à momentos é porque já nao me lembro da altura exacta que me disse, tal era a minha velocidade de racocínio...). Quando me respondeu à segunda questao 20 minutos, perguntei se podia acompanhá-lo... disse que sim... mas o ritmo dele era muito forte e optei descer...

Após ter conseguido regressar a Confluencia, após mais de 6 horas de trekking, eis o meu ar de felicidade dentro da medida do possível, porque estava extremamente cansado (nota-se pelas olheiras...). Mas apesar do cansado, sentia uma extrema satisfacao pelo que tinha conseguido alcancar...
Depois, foi decansar cerca de 2 horas, ir ao médico para ver se estava tudo normal, e iniciar a descida para a entrada do parque... foram mais de 2 horas de descida até à entrada do parque, que no final foram muito penosas (a descer todos os santos ajudam, mas os pés é que têm de travar...).
Por fim, a despedida do Aconcágua, uma montanha brutalmente linda... aconsenhável a todos os amantes da natureza e com grande espírito aventureiro e de sacrifício...
Um grande abraco de felicidade!
Os Andinistas
PS1: Esperava-nos uma viagem para Santiago do Chile numa carrinha muito particular, com cerca de 15 lugares, que foi a única empresa que acedeu a parar junto do Aconcágua para eu entrar (o André já tinha ido a Mendonza preparar a nossa viagem)... atravessamos a fronteira entre a Argentina e o Chile durante a noite com aquela sensacao de "emigrante ilegal"...
PS2: Neste momento estao bem no sul do Chile, no Parque Natural Torres Del Paine, onde já fizemos um trekking e hoje vamos tentar dormir num refúgio.